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blurry tales

Exposição coletiva ~ Berlim 2025

Desde os primórdios da humanidade, a arte tece um diálogo íntimo com os contos e mitos — narrativas ancestrais que carregam o peso e a leveza da existência. Eles nos falam sobre o que somos, sobre a luz e a sombra que habitam nosso ser. Neles ressoam temas universais: beleza, amor, coragem, mas também o grotesco, a traição, a inveja. Entre o divino e o humano, fragmentos de nossa essência se revelam, refletindo a complexidade do real.

Na série Blurry Tales, minhas obras emergem desse entrelaçamento entre o visível e o intangível, entre mitos que ecoam no tempo e identidades que se dissolvem e se recriam.

"Can you see your Echo? desvia o olhar do lago para o espelho: não como superfície, mas como ressonância. Reflexos que carregam memórias e julgamentos, se perdem em um véu instável, onde o visível se desfaz no indizível. A obra pulsa em fragmentos míticos, sangue e sombra, cintilância e ruína, Narciso e Eco. Como um rito velado, suas formas se entrelaçam em tensões geométricas que evocam forças opostas, girando em um abstrato equilíbrio. O que arde e o que se apaga coexistem no mesmo reflexo. Entre fragmentos e vestígios, brilhos metálicos insinuam restos de um fogo extinto... Ou a promessa de um novo clarão. Contemplar a própria essência é possível ou sempre seremos reféns da distorção? Quem nos olha de volta é o sagrado presente, que carrega um vestígio oracular do que já foi e do que ainda será. Mas e se, ao fim, for o espelho que nos sonha?

Varuna sem Origens mergulha na origem violenta e manchada de sangue de Vénus. Os testículos do Céu, arrancados pelo golpe agudo da foice de Saturno, foram lançados ao oceano em um estrondo cortante. O corpo do Céu se esvai em correntes azuladas, enquanto um único fio vermelho escarlate tinge o mar-horizonte de um infinito crepuscular. As linhas que pulsam, ansiando pela queda, sussurram rupturas, sacrifícios e transformações.

A brutalidade da mitologia ecoa na masculinidade contemporânea, questionando os seus fundamentos e dissonâncias. A dissolução do Céu propõe uma nova paisagem: Que mitos construímos em torno do ser homem? 
Se o masculino foi forjado na violência, é possível reinventá-lo sem a sua total destruição? 
E se o mito da criação for, na verdade, um mito da mutilação? 
Se o Céu pode sangrar, o que ainda nos impede de reescrever seus deuses? 
O que resta do masculino quando suas fundações se dissolvem? 
Se Saturno castra o Céu, quem tem realmente o poder - quem mutila ou quem sangra?

Blurry Tales é uma investigação visual sobre o que se dissolve e o que se fixa, sobre as histórias que nos atravessam e a possibilidade de criar novas formas de existência. A arte, nesse percurso, é um rito: um convite ao despertar e à transformação.

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© 2008-2025 Vanessa Neuber

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